Os maiores mercados de cerveja artesanal no País concentram-se nas regiões Sul e Sudeste, que abarcam 83% do setor, mas um grande potencial descortina-se na região Centro-Oeste, principalmente no Distrito Federal e Goiás.
E é por isso que o Instituto da Cerveja Brasil (ICB) aposta nesses locais, com o intuito de formar novos profissionais no setor cervejeiro e contribuir para o fortalecimento do mercado.
Para Estácio Rodrigues, diretor do ICB, o boom das cervejas artesanais ocorrido no Sul e Sudeste está prestes a ocorrer também no Centro-Oeste. Portanto, segundo ele, quem souber aproveitar o momento com inovações, bons produtos e serviços de qualidade, certamente marcará seu nome no cenário cervejeiro nacional.
Profissionalização do setor
Nada melhor, então, que buscar uma profissionalização no setor. O ICB continua com vagas abertas em Brasília para o curso avançado de Tecnologia Cervejeira e o de Sommelier de Cervejas, ambos previstos para iniciar em agosto.
O primeiro é voltado a pessoas que desejam se aperfeiçoar na produção da bebida e investir em seus próprios rótulos.
Já o curso de sommelier forma profissionais preparados para atuarem como consultores ou assessores em locais como bares, restaurantes, distribuidores, importadoras e cervejarias.
Os sommeliers servem como ponte entre os produtores e o consumidor final, sendo essenciais para a divulgação da cultura cervejeira e o fortalecimento do mercado.
Aqueles habituados aos produtos mainstream, só irão migrar para as artesanais – pagando de R$ 20 a R$ 30 ou até mais numa garrafa de cerveja – se houver a integração de dois fatores: conhecimento e curiosidade para descobrir novos sabores.
Os sommeliers são fundamentais para esse processo de “convencimento”. Primeiro, por que podem proporcionar ao cliente uma experiência cervejeira, harmonizando receitas com cervejas diferenciadas. Em segundo lugar, esses profissionais podem transmitir um pouco de seu conhecimento sobre o rótulo ideal para determinada ocasião.
A Cena Craft Beer no Brasil
Para entender melhor a realidade do mercado, o ICB realizou o estudo A Cena Craft Beer no Brasil, que contabilizou, até o final de 2017, a existência de 679 microcervejarias no País, um número quase 10 vezes superior ao registrado uma década atrás.
A cada semana uma nova microcervejaria é aberta e há mais de 7.500 rótulos registrados. Ainda assim, o cenário craft corresponde a apenas 1% do mercado cervejeiro nacional.
“Cerveja artesanal não é ‘moda’, mas uma tendência que veio pra ficar”, afirma Estácio. Entre as bebidas alcoólicas, as cervejas ocupam um percentual de consumo equivalente a 61%. Em segundo lugar estão os vinhos, com 25%.
O desafio está em trazer os consumidores de cervejas mainstream para o universo das artesanais. Estácio acredita que uma das estratégias é produzir Pilsner de qualidade, ainda que muitas microcervejarias “resistam” ao estilo. “É preciso fazer uma boa Pilsner, uma boa Lager, para o mercado artesanal, com o intuito de conquistar o consumidor. Se tiver apenas Double IPA, por exemplo, fica difícil atrair aqueles acostumados às cervejas comuns”, argumenta.
No cenário craft, não há fidelidade a uma única marca ou um único estilo. Pelo contrário: “Neste mercado, as pessoas que fazem cerveja procuram por bons insumos, novos sabores e variados estilos, diferentemente da cerveja popular. Os produtos são criados de acordo com o gosto do cervejeiro, que ainda não ouve o que o consumidor quer, mas isso tende a mudar com o passar dos anos”, avalia Estácio.
Consumidores
O ICB também realizou uma pesquisa junto ao Grupo Pão de Açúcar, para decifrar o perfil do consumidor de cervejas artesanais.
Setenta por cento dessas pessoas têm formação superior. Metade desse público gasta em torno de R$ 200 a R$ 400 ao mês com cervejas e 28% desembolsa entre R$ 600 e R$ 700/mês.
A embalagem da cerveja deve ser bastante informativa, para atrair o cliente para o produto. “O consumidor é exigente e quer ter em mãos o máximo de informações, como sugestões de harmonização, IBUs, entre outros dados”, destaca Estácio.