“Sinval, manda mais uma!”. O empresário Sinval Marques de Oliveira, 59 anos, já se acostumou. Enquanto corre para atender o freguês com a bebida desejada, ao mesmo tempo pergunta a quem já está indo embora: “É débito ou crédito?”. Prestativo, também conversou com a reportagem da Tribuna da Cerveja, entre um cliente e outro. É assim, neste frenesi diário, que este simpático senhor tornou-se querido e conhecido no Guará. Em sua pequena loja, o Quiosque do Sinvas, em frente ao edifício Consei, na EQ 31/33, ele vende um pouco de muita coisa: balas, bombons, salgados, cigarros, energéticos, refrigerantes, bebidas ice e, ainda, o seu carro-chefe: cervejas… muitas cervejas.
A geladeira do quiosque pode ser considerada, praticamente, a “fonte da felicidade” de todo cervejeiro que se preze. Rótulos nacionais e internacionais, com preços que variam de R$ 5 a R$ 45, têm excelente saída, segundo o empresário. Marcas brasileiras premium, como Invicta, Colorado, Lund, Cathedral, Wäls e Schornstein, dividem espaço com belgas, alemãs e norte-americanas – vale citar, por exemplo, as cervejas Samuel Adams, Weihenstephaner, Paulaner e até a refrescante Blue Moon, nem sempre fácil de encontrar por essas bandas.
Para atender a um público diversificado, Sinval não se limita às “puro malte” e também oferece os rótulos mainstream tão conhecidos pelos brasileiros, como Antarctica, Skol e Budweiser.
O lugar é democrático: em frente ao quiosque estão dispostas mesas e cadeiras; em outro canto, há quem aproveite o movimento para vender churrasquinhos. Durante o horário de funcionamento, das 13h à meia-noite, pessoas de todas as idades passam por ali, mas é após às 20h que o local “bomba”, com um público majoritariamente jovem. Se não houver mais lugares à mesa, alguns se espremem no balcão; outros ficam em pé, mesmo. A informalidade reina absoluta. E este é o barato dali. O importante é reunir, conversar, sem frescura.
Tino para os negócios
O Quiosque do Sinvas funciona há 25 anos. Na época, Sinval largou o emprego como corretor da bolsa de mercadorias para se dedicar ao negócio. Deu certo. “Cheguei a ter oito funcionários, vendia até frango assado; hoje só eu e minha esposa, Valdete, trabalhamos aqui”, relata. “A vantagem é que é bem perto da minha casa”.
O empresário aproveitou a abertura às importações iniciada no governo Collor para investir em itens diferenciados, logo que abriu seu empreendimento. “Aqui, vinha gente de tudo quanto é canto, para comprar sucos, cervejas, refrigerantes, chicletes e outros produtos importados”, conta. Em pouco tempo, já era possível encontrar no quiosque a holandesa Faxe, a canadense Labatt Blue ou a mexicana Tecate. “Um pessoal de Brasília viajava e trazia alguns rótulos pra mim”, afirma Sinval.
Apesar disso, somente há cerca de dois anos ele começou a investir pra valer nas cervejas gourmet. “Vi que o mercado precisava disso e estava atento a essa necessidade”, diz.
Sinvas Beer
Pouco depois, Sinval foi além e passou a disponibilizar aos clientes, além de várias outras marcas, a sua própria cerveja, Sinvas Beer, produzida pelo cervejeiro Kayo John, da John’s Beer. No rótulo está o próprio Sinval e uma bandeira quadriculada, referente à equipe de kart que sempre gosta de frequentar o quiosque. Na parte inferior está a bandeira do Guará.
São oferecidos quatro estilos da Sinvas Beer: Pilsen, Weiss, Tripel e IPA inglesa. Kayo também produz cervejas para outras casas, como a Adega Federal, na QE 28, e o Bóris Gastrô Bar, na 103 Norte. “Também faço a Hang Fly Beer, para a empresa Hang Fly, especializada em aluguel de equipamentos para voo livre”, afirma. “O proprietário da loja, André Brasil, fará um evento de voo livre e criei umas cinco receitas para a ocasião, incluindo um barril de chope”.
Outras de suas parcerias cervejeiras foram com as bandas guaraenses de hardcore Os Cabeloduro e Makacongs 2099. Kayo também produziu um rótulo específico para cada espetáculo do grupo teatral Os Melhores do Mundo. “Faço questão de fazer uma receita exclusiva para cada parceiro. Costumo colocar ingredientes diferenciados, como sementes de cardamomo, raiz de catuaba e jenipapo”, revela o cervejeiro, que produz, em média, 6 mil litros por mês.
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