A Stadt Cervejaria tem marcado presença em diversos eventos cervejeiros da capital, como o Beer Week

Em 2004, um brew pub abriu suas portas no Setor de Indústrias Gráficas, em Brasília. Rapidamente, o lugar veio a se tornar um point na noite brasiliense. O Stadt Bier – agora Stadt Cervejaria – trouxe um conceito até então inédito na cidade: uma cerveja totalmente artesanal, produzida no próprio bar. Os frequentadores eram atraídos por aquele chope “diferente”, muito melhor que os de marcas mainstream. Os idealizadores do empreendimento levaram à capital o jeito alemão de fazer cerveja, sem a adição de cereais não maltados. Não podia dar outra: sucesso absoluto.

Hoje, 12 anos depois, Brasília vive uma realidade bastante promissora, no que diz respeito ao mercado cervejeiro. Por toda a cidade é possível encontrar rótulos de variados estilos e marcas. Além disso, cursos na área começam a pulular aqui e ali. Nada mais gratificante. A Stadt – “cidade”, em alemão –, é claro, teve de se adaptar. A começar pela logomarca, mais clean, moderna e atraente, e a troca do “Bier” por “Cervejaria”.

Tributos

O antigo bar no SIG não é mais um brew pub, já que não fabrica mais cerveja naquele espaço, mas continua a vender os chopes e petiscos normalmente. Por questões de economia, estratégia de produção e tributação mais amigável, a fábrica foi parar em Luziânia (GO) no ano de 2009, numa área mais ampla. E foi montado um centro de distribuição no Núcleo Bandeirante. “Há muito mais incentivos tributários em Goiás, que no Distrito Federal. Então, preferimos ir para lá”, afirma Marc Cunha, que é sócio-proprietário da Stadt juntamente com irmão, Yann Cunha.

Segundo Marc, no DF o imposto é maior e a água é muito mais cara. “Isto faz muita diferença, já que 93% da cerveja é água”, frisa. “A gente produz lá e manda aqui para o Núcleo Bandeirante, para distribuir aos pontos de venda”.

Marc Cunha: nova fábrica com capacidade de produção de pelo menos 200 mil litros por mês

Nova fábrica

Uma nova fábrica está sendo montada também em Luziânia. A atual será desativada ainda em 2017, mas alguns equipamentos serão aproveitados. “O novo galpão terá cerca de 1.000 m² e uns 15 tanques de fermentação, que comportam de 600 a 20 mil litros”, informa. “Investimos de 2 a 3 milhões de reais e pretendemos produzir, pelo menos, 200 mil litros por mês”.

A intenção é promover, além da produção das cervejas da Stadt, brassagens colaborativas no local. “Também vamos lançar novos estilos no nosso portfólio, como a IPA, e uma linha de envase, pois pretendemos engarrafar nossos rótulos mais populares”, revela Marc.

É possível, ainda, que a Stadt faça cervejas sazonais e inicie excursões pela nova fábrica, num futuro próximo. “É uma forma de mostrar às pessoas onde e como é produzida a cerveja que elas bebem”, observa.

O mestre-cervejeiro é Klecius Celestino, que foi professor no Departamento de Química da Universidade de Brasília e trabalhou na Ambev durante seis anos. “De vez em quando, pedimos também consultoria a Rodrigo Westphal, que foi mestre-cervejeiro da Eisenbahn. Ele é de Blumenau (SC) e nos ajudou a reformular algumas receitas”, relata Marc.

Andrea Sousa acredita que as cervejarias locais ainda não são suficientemente valorizadas

Treinamento e serviço

A beer sommelière e revendedora da Stadt, Andrea Sousa, ajuda a disseminar ainda mais a cervejaria entre os brasilienses. Para ela, seu conhecimento como sommelière agrega muito valor ao seu trabalho. “Todo revendedor deveria ter esse tipo de formação, pois é importante passar para os bares noções de atendimento, serviço e treinamento, a fim de que conheçam o produto que estão vendendo”, acredita.

Hoje, os chopes Stadt são vendidos nos três estabelecimentos da marca – no SIG, 409 Norte e shopping Liberty Mall – e estão presentes, ainda, em mais 25 bares.

A marca também é presença constante em grandes eventos cervejeiros, como o Casa Bier e o Beer Week.

Público jovem

Para Andrea, o perfil do consumidor de cervejas artesanais em Brasília mudou consideravelmente. “Antes, prevaleciam homens acima dos 40 anos e funcionários públicos que, por viajarem bastante devido ao bom poder aquisitivo, tinham acesso a cervejas de outros lugares. De um ano e meio pra cá, essa realidade mudou bastante, a capital passou a abrigar diversos festivais cervejeiros e os mais jovens se sentiram atraídos a este mercado”, avalia.

Segundo a revendedora, o maior desafio é fazer com que bares tradicionais e empórios reconheçam a Stadt como cervejaria de Brasília e artesanal. “Há muito preconceito, infelizmente. Eles não valorizam a produção local, cujo preço é melhor e a cerveja bem mais fresca, de qualidade”, critica. “Meu objetivo é incentivar a cultura cervejeira. Quando perceberem que a Stadt está disseminando essa cultura e trazendo novidades, eles vão começar a dar mais valor”.

Eventos de harmonização

Júlio César, gerente de marketing da Stadt, anunciou em primeira mão para o Tribuna da Cerveja que haverá, em 2017, eventos mensais de harmonização com os chopes da cervejaria.

O primeiro está previsto para janeiro, no restaurante Il-Pandrino Paninoteca & Cervejaria, do chef Alessandro Cossu. A casa destaca-se pelos sanduíches gourmet em pães ciabatta e, é claro, os chopes Stadt.

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