A segunda criação da microcervejaria Corina – que também é um beer truck de cervejas artesanais – ganha, nesta quarta, lançamento oficial. Batizada de Conic, esta Double IPA presta tributo a um centro comercial histórico da capital federal que, infelizmente, teve seu espaço degradado ao longo dos anos.
“A escolha é uma homenagem ao maior símbolo de efervescência e resistência cultural da cidade”, afirma Eduardo Golin, um dos sócios da Corina. “Mas o manifesto em forma de cerveja não se resume apenas ao Conic, estendendo-se a todo o DF, procurando promover a livre apropriação de espaços públicos, a intervenção artística e cultural e a pluralidade de vozes brasilienses”.
Dentro desta filosofia de reocupação dos espaços, a Corina também contribui para movimentar outra área, o Setor de Oficinas Norte (SOFN), onde instalou sua sede.
Som independente
Numa parceria com o Movimento Dulcina Vive, que tem realizado atividades de revitalização cultural no setor, a Corina apresentará a cerveja durante o Quarta Dimensão, festival semanal que traz a participação de músicos e bandas independentes. O evento ocorre no Complexo Cultural Dulcina de Moraes, local símbolo da resistência contra a degradação do Conic.
A ideia é reforçar a identidade do local como polo criativo integrador e comunitário, e centro de circulação cultural e social. O projeto foi iniciado em 2 de março e, desde então, já passaram pelo palco do Teatro Dulcina mais de 50 artistas e grupos, como o multi-instrumentista alemão Konrad Kuechenmeister, o trio Muntchako, Esdras Nogueira, Fellipe Soljah, Renato Matos, Batidão Sonoro S/A, entre outros.
No show desta noite as atrações são as bandas Komodo, Vintage Vantage e Trampa, além do DJ Steve Chezz. A primeira a animar o público é a Komodo, que mistura rock e funk. Já o trio instrumental Vintage Vantage faz um som repleto de influências progressivas. Por fim, sobe ao palco a conhecida banda Trampa, formada por André Noblat (vocal), Pedrinho “Bap” Cardoso (baixo), Arnoldo Ravizzini (bateria) e os guitarristas Rodrigo Vegetal e Rafael Maranhão. A seguir, a discotecagem fica por conta do DJ Steve Chezz, do selo Chezz Records.
A cerveja
A Corina Conic já vinha conquistando os brasilienses desde o Casa Bier – evento ocorrido este ano no Iate Clube –, mas na versão chope. Agora, para a alegria dos lupulomaníacos, a versão em garrafa da cerveja estará disponível em bares e lojas.
A breja é uma Double IPA, ou melhor, uma “Dôbou Índia Pêiu Êiu” – forma abrasileirada com que os cervejeiros da Corina gostam de denominar sua criação. Com sabor intenso, muito álcool e amargor – do jeito que os “ipeiros” gostam –, a cerveja tem 9,1% de ABV e 85 IBU.
Segundo Eduardo Golin, a composição de maltes é um blend entre cinco variedades. “Os maltes Pilsen e Pale servem como principais fontes de açúcar, enquanto Carapils auxilia na estabilidade da espuma. Juntamente com Caramunich II e Crystal, incrementam corpo, conferem notas de biscoito e caramelo, e intensificam a presença do sabor do malte”, detalha.
Em relação aos lúpulos, são quatro tipos. “O CTZ é fervido durante uma hora para conferir aquele amargor cabuloso”, destaca Golin. São adicionadas doses cavalares de Centennial, Chinook e Mosaic no final da fervura e no dry hopping. “O aroma da Conic remete a pinho, frutas cítricas e tropicais, como maracujá, manga, laranja, lima e limão siciliano. É um suco. Cítrico. De boldo”, define.
Novidades
Os cervejeiros podem esperar boas novidades, ao longo do próximo ano. “Nossas brassagens caseiras de testes continuam e estamos projetando o lançamento de outros quatro rótulos até o primeiro semestre de 2017. Ainda não sabemos quais serão”, anuncia Golin.
Além disso, os projetos de curto prazo incluem a utilização do galpão da Corina no SOFN para a realização de eventos em mais dias na semana. Por enquanto, um evento já é fixo: todos os sábados ocorre o Bebedouro, uma oportunidade para os cervejeiros beberem, conversarem e levarem seu chope preferido para casa. “Também pretendemos realizar cursos de produção de cerveja caseira”, conclui.