Os estilos belgas são sua especialidade. O equipamento, totalmente artesanal. A produção se resume a 650 litros por mês, o que provavelmente torna a cervejaria Valkyrja a menor do país em atividade. “Podemos ser considerados, na verdade, uma nanocervejaria”, afirma um dos sócio-proprietários, Luís Henrique Souza. Ele e o irmão, Jorge Rafael, foram os grandes vencedores do X Bier Hub Festival, com uma cerveja de estilo Witbier.
A receita, que leva malte de cevada e trigo, laranja e coentro, agradou em cheio o público presente no evento ocorrido neste sábado, no Estádio Mané Garrincha. Um feito e tanto, já que a Witbier da Valkyrja estava disputando com outros estilos robustos e superpopulares entre os cervejeiros: IPA (Uma Beer e Embuarama) e Stout (Brew Toad). A Veredas, por sua vez, outra concorrente, apostou numa Red Ale de alta drinkability, dulçor pronunciado, corpo leve e baixo amargor.
Totalmente artesanal
A Valkyrja foi criada na Cidade Ocidental, município goiano localizado no entorno do Distrito Federal. Os irmãos Luís e Jorge começaram a fazer cervejas como hobby, mas resolveram transformar a empreitada num negócio. Obtiveram o registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em maio de 2016.
Além da Witbier, a Valkyrja produz os estilos Blond Ale, Belgian Pale Ale, Belgian Tripel e Belgian Dark Strong Ale. Recentemente, a nanocervejaria fez parceria com a Deco Bier, do cervejeiro André Valois, cujas receitas privilegiam as escolas anglo-saxônica e americana. Em breve, a Deco lançará, diretamente da fábrica da Valkyrja, seu primeiro rótulo, uma American Pale Ale. O envase começa nesta terça-feira. Posteriormente, virão os estilos Irish Red Ale e IPA.
Segundo Luís Henrique, sua pequena fábrica é composta de protótipos com tecnologia de 30 anos atrás, “mas bastante funcionais”, garante. “Apenas meus dois fermentadores são industriais”. O processo é totalmente artesanal, sem uso de conservantes ou aditivos químicos.
Alavancando a produção
Por ter vencido o X Bier Hub Festival, a Valkyrja Witbier ganhará uma produção de até cinco mil litros no primeiro lote, em fábrica ainda a ser definida, e entrará no portfólio do clube de assinaturas WBeer. “Para produzir o rótulo vencedor, escolhemos sempre uma cervejaria que melhor se enquadre ao estilo proposto e que ofereça o melhor preço”, explica Diego Valverde, co-fundador da aceleradora Bier Hub, surgida em São Paulo. “Optamos por fábricas com quem já temos um bom relacionamento e se preocupam em manter o padrão de qualidade das cervejas”.
Para Diego, Brasília já pode ser considerada um dos principais polos cervejeiros do país. “Estamos surpresos em ver como o ecossistema cervejeiro daqui está organizado e crescente”, avalia. “Há ótimas cervejas e gente que investe e procura melhorar cada vez mais suas receitas”.
De acordo com ele, o festival deste sábado recebeu cerca de 1.500 pessoas. Além da disputa entre as cervejarias, o público pôde se deliciar com petiscos preparados por food trucks e bike foods. Também estavam à venda cervejas e chopes de marcas como Micro X, Opera, Urbana, Avós, entre outras. Para animar a plateia, subiram ao palco as bandas Muntchako e Shotgun Wives. “Até novembro, pretendemos fazer na capital mais um evento cervejeiro do mesmo porte, mas sem o concurso”, revela.
Shaka Zulu
No ano passado, Brasília também havia recebido uma edição do Bier Hub, mas em formato bem mais simples, no I Love Beer – Tap House (210 Norte). Na época, Federal e Sunbrew foram os grandes vencedores do concurso, com uma India Black Ale.
Foram produzidos 500 litros do rótulo, batizado de Shaka Zulu. Quem participou do festival no último sábado teve a chance de experimentar a novidade.
O cervejeiro da Sunbrew, André Araújo – que fez a cerveja juntamente com Roberto Luiz e Juliano Sousa, da Federal –, diz que parte da produção da Shaka Zulu será vendida no clube de assinaturas WBeer e em outros eventos da aceleradora Bier Hub. “Outra parte irá ficar conosco, para colocarmos em pontos de venda em Brasília” destaca. “Se houver boa aceitação, como esperamos, o próximo passo é tornar nossa marca cigana. E, quem sabe, no futuro, possamos ter a nossa própria cervejaria”, conclui.