O projeto Seja Você o Chef, promovido semanalmente pelo Pátio Brasil Shopping, em Brasília, trouxe, nesta quarta-feira, dois nomes conhecidos pelos cervejeiros da cidade: a gastrônoma, mestre em estilos e sommélier Rogéria Xerxenevsky, da Microcervejaria X, e o sommélier Leonardo Mustafa, formado pela Doemens Academy, no Senac de Campos do Jordão (SP).
A dupla comandou um workshop de harmonização de dois rótulos da Micro X – a Angel Tripel e a Blanche do Cerrado – com queijos minas frescal, requeijão de corte e gorgonzola. “O shopping nos procurou por indicação do restaurante Fortunello, da Asa Sul, onde realizamos um festival no mês passado”, informa Rogéria. Vários fatores, segundo ela, pesaram nesta escolha: “As nossas cervejas são voltadas para a gastronomia, somos a primeira cervejaria cigana do Centro-Oeste e temos este importante papel de ajudar a fomentar a cultura cervejeira”, enumera.
Semelhança e contraste
Durante o workshop, Leonardo Mustafa deu pequenas noções sobre harmonização, como conceitos relacionados às semelhanças e contrastes entre bebidas e alimentos. Apesar de haver algumas regras e técnicas para melhor combinar as receitas com as cervejas, o paladar e a experiência gastronômica de cada comensal são determinantes, de acordo com o sommélier. “Harmonizar é unir dois ou mais elementos que, separadamente, funcionam bem, mas que, juntos, devem ser ainda melhores”, resume.
A alta carbonatação e o teor alcoólico maior da Angel Tripel, por exemplo, servem como elementos de corte da gordura excessiva de queijos como o requeijão e gorgonzola. Por outro lado, o sabor marcante desses queijos gera, juntamente com a cerveja, um terceiro sabor. Já a leveza do queijo minas combina com a refrescância da Witbier Blanche do Cerrado.
História de sucesso
O evento também foi uma boa forma dos palestrantes narrarem fatos interessantes sobre a história da cerveja, o boom das microcervejarias e o crescimento da cerveja artesanal no Brasil. Leonardo, que foi o primeiro sommélier de cervejas em Brasília, contou um pouco sobre sua carreira e comparou a revolução cervejeira ocorrida nos Estados Unidos com a do Brasil. De acordo com ele, apesar dos norte-americanos estarem num patamar invejável, com mais de 2 mil microcervejarias em atividade, os brasileiros estão mostrando sua força no ramo, a ponto de especialistas preverem, no futuro, o reconhecimento de mais uma escola cervejeira, somando-se às tradicionais escolas belga, alemã, americana e anglo-saxônica.
Rogéria, por sua vez, aproveitou a ocasião para falar resumidamente sobre a história da Micro X, dando ênfase às premiações obtidas pelos rótulos Angel Tripel (estilo Belgian Tripel) e Oberkorn (estilo Märzen), em concursos da Acerva Paulista. Também citou a trajetória de seu marido, Alexandre Xerxenevsky, o mestre-cervejeiro responsável pelas receitas premiadas da X.
Outrora um hobby, fazer cerveja tornou-se, para ele, uma profissão séria, que une a liberdade de criação com o comprometimento efetivo com a receita determinada para cada estilo – Alexandre é formado em Microbiologia Cervejeira pelo Siebel Institute de Montreal, em 2012, e em Tecnologia Cervejeira pelo Siebel Institute de Chicago, em 2014.
A Micro X, vale destacar, promove periodicamente o Acampamento Cigano, evento onde surgem cervejas colaborativas feitas juntamente com outras microcervejarias de destaque no país. Na terceira edição, houve a brassagem, em parceria com a Suméria, da RISputnik do Cerrado. A breja, uma Russian Imperial Stout, leva adição de castanha de baru e jatobá, e será lançada em breve (aguarde informações aqui no blog Tribuna da Cerveja). A próxima edição do Acampamento Cigano ocorrerá em setembro. A microcervejaria Dogma é a parceira da vez e, nas “panelas”, comandará, ao lado da X, a brassagem de uma Belgian IPA.