O London Street Pub recebeu o consultor, palestrante e escritor Ronaldo Morado para o lançamento da edição atualizada da Larousse da Cerveja. A obra, considerada referência entre os cervejeiros, agora traz muito mais informações, fotos e até uma relação dos principais bares do País.
Um capítulo dedicado à história e ao mercado cervejeiro no Brasil, descrição das quatro escolas cervejeiras, além de um guia de estilos segundo as diretrizes do BJCP (Beer Judge Certification Program) estão entre as novidades da atual edição.
O autor também garimpou, durante suas pesquisas, citações sobre a bebida mais popular do planeta proferidas por várias personalidades ao longo da história, desde filósofos, passando por santos e papas, até cientistas, escritores e líderes políticos (confira o box ao final da matéria).
Brasília em destaque
Além do texto, Morado fez uma extensa pesquisa em busca das fotos ideais para ilustrar seu projeto. Há, inclusive, imagens bem familiares aos cervejeiros brasilienses: o beer truck da Corina e as torneiras de chope do Santuário.
Ao final do livro, o autor cita os bares do País com “a verdadeira alma cervejeira”, como ele define. De Brasília, foram selecionados quatro lugares: galpão da Corina, Santuário, I Love Beer – Tap House e London Street Pub.
Escolas cervejeiras
Escrita em linguagem acessível e agradável tanto para leigos quanto experientes na degustação da bebida, a Larousse da Cerveja enumera dados interessantes sobre as escolas cervejeiras, em um de seus capítulos.
Morado teve cuidado com as denominações. Para ele, a escola inglesa, na realidade, deve ser chamada de “britânica”, enquanto a alemã é mais corretamente denominada de “germânica”.
“Mostro ao leitor, leigo ou não, uma visão geral de cada escola e as principais diferenças. A Inglaterra não é a única representante da escola britânica. Temos também a Escócia e a Irlanda, por exemplo; por isso é equivocado falar em escola ‘inglesa’”, argumenta.
Em relação à escola germânica, o autor se refere à região que inclui Alemanha, República Tcheca (Boêmia), Eslováquia, Áustria, Holanda e Polônia.
Teremos uma escola brasileira?
Quanto ao possível desenvolvimento de uma escola brasileira, Morado mostra-se cético, apesar de reconhecer algumas iniciativas nesse sentido.
É o caso, por exemplo, do trabalho realizado pela bióloga Gabriela Montandon. A especialista levou quatro anos para isolar uma levedura 100% brasileira, com potencial suficiente para ser utilizada em escala industrial.
Outro aspecto, segundo Morado, é que ainda não há uma cultura cervejeira desenvolvida no Brasil.
Por último, é preciso ter estilos criados no País. “Durante um debate com grandes nomes da cena cervejeira nacional, afirmei que já temos a Malzbier. Gostando ou não, é uma cerveja e vende muito bem”, polemiza. “O dia em que aceitarem como um estilo feito aqui, talvez comece a nascer uma escola brasileira”.
Em sua opinião, o uso de insumos locais, como ingredientes regionais, não é suficiente para caracterizar uma escola cervejeira. “Os norte-americanos já fazem isso”, pontua.